terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Educação: O muro da inconsciência

O que está acontecendo com o ser humano? Será que já chegamos ao ciclo final e estamos voltando a tudo aquilo que já vivenciamos? Será que Cazuza estava certo quando disse ver "um museu de grandes novidades? Pois, ao invés de trilharmos para o futuro, estamos retrocedendo e visando o passado? Bom, o que estamos presenciando em nossa terra talvez não seja diferente do que deve está acontecendo em outros municípios: o começo de uma briga incessante entre a Rede Estadual de Educação e a Rede Municipal de Educação. É certo que ambos, no mínimo, deveriam ter o mesmo objetivo: a promoção do sistema educacional das nossas crianças e jovens. Mas não é isso que estamos vendo, pelo contrário, parece que estão criando uma barreira social entre elas.
São inúmeros os pais e mães de famílias que têm reclamado dessa "guerra" para que os alunos sejam "obrigados" a se matricularem em uma dessas esferas sob pena de não terem o direito de andar nos carros escolares.
Ora, reprimir uma criança em não poder entrar em um ônibus escolar, por não ser aluno do município é, no mínimo, uma agressão à moral e a ética, um desrespeito à cidadania. Isso é tolher o direito da criança de estudar, um dos principais fundamentos do cidadão.
E essa atitude mesquinha poderá trazer uma considerável evasão escolar, como também uma desagregação familiar, pois é mais do que natural os pais matricularem seus filhos numa mesma escola, pois além de ser mais econômico, lhe dá mais segurança, já que existe a possibilidade dos irmãos serem responsáveis um pelo outro.
Interferir na liberdade de escolhas das famílias é criar embaraço na formação psicológica do jovem.
Será que os pais terão que assistir em pleno século XXI, em Alagoa Grande, seus filhos saindo de suas casas para estudarem e, posteriormente, sentir a frustrante rejeição de não ter acesso ao transporte escolar por não ser estudante da rede municipal de ensino? E se numa família tiver um filho que estuda pelo Município e outro pelo Estado, como ficarão? Será que um terá o privilégio de ter o transporte escolar, enquanto o outro irmão terá que ir a pé ou de moto arriscando sua própria vida?
Será que estamos vendo de volta o "MURO DE BERLIM", época em que foi construída uma barreira física pela República Democrática Alemã, cujo objetivo foi o de além de dividir a cidade ao meio, numa simbologia de que o mundo estava dividido em dois blocos. Ou será que vamos  lembrar da história de separação das duas Coreias, a do Norte e a do Sul em 1950, onde milhares de famílias estão até hoje, sem ter o direito de se encontrar. Como se não bastasse, nesse bojo de incessantes, ainda temos, como mau exemplo, o APARTHEID (Separação), um sistema constitucional de segregação racial que abrangeu as esferas social, econômicas e política da nação Sul-Africana estabelecendo critérios para diferenciar grupos.
Será que a era Trump (Presidente dos Estados Unidos), que recentemente autorizou a construção de um longo muro separando o México dos Estados Unidos, está pegando em alguns gestores?
Ora, quando vimos o prefeito de nossa cidade, Antonio Sobrinho, falar que existe uma concorrência muito grande entre o Estado e o Município, numa tentativa desenfreada de matricular alunos, e que os professores e diretores estão à caça por alunos, já deu para entender que o alvo maior são as nossas crianças.
Essa “caça” é uma demonstração inequívoca da interferência do fator econômico no ensino-aprendizagem de nossas crianças. Será que nossas crianças viraram pássaros, e que são presas fáceis para os predadores?
"Deixe menino insensato o passarinho voar, que mal te fez a avezinha que passa a vida a cantar, joga fora a atiradeira e vai pedir a Deus perdão, mostra que guarda no peito a jóia de um coração" (livro Mágica do saber).
Diante de tudo isso, indagamos se realmente é esse o desejo de nossos governantes, voltarmos ao período de colonização. É preciso que haja uma reação mais brusca por parte de nossa sociedade no sentido de coibir atos dessa natureza. Como já não bastasse tantos direitos que já lhe foram tirados, agora surge mais um obstáculo para obstruir a sua liberdade e o seu futuro.
Se essa "GUERRA" contra os adolescentes não for imediatamente combatida, estaremos fadados a ver não só o futuro dessas crianças desaparecendo, mas, sobretudo, o fim da vida de cada uma delas, pois muitas deixarão de estudar, aumentando, assim, a evasão escolar; tudo isso, promovido por uma imposição de um sistema educacional quase falido.
Mais uma vez, ressalto: Colocar um muro entre os inocentes, é dizimar o ser  humano. E quem irá pagar essa  conta que é de responsabilidades das autoridades? Será que o próprio pai de família que poderá ver seus filhos tomando caminhos tortuosos? Isso poderá criar, inclusive, um mal estar no relacionamento entre pais e filhos, trazendo ainda mais transtornos a uma sociedade já tão estremecida na sua essência de valor familiar. Só nos resta, agora, termos que ir ao nosso "MURO DAS LAMENTAÇÕES", diferentemente da do Rei Salomão, pois talvez o nosso "MURO DAS LAMENTAÇÕES", seja aqui mesmo, onde temos que nos prostrar e mostrar a nossa indignação com o que estão fazendo com nossos alunos.
Pelo amor de Deus, cuidem de nossas crianças, para que no futuro não existam mais presídios. O tempo da escravidão, não pode voltar. É preciso resistir a toda essas atitudes.
Vamos continuar acompanhando e dando nossas opiniões doa a quem doer, pois estamos acobertados pela nossa Carta Magna, que é a Constituição brasileira e a sua brilhante liberdade de expressão. É preciso termos consciência ao formarmos cidadãos, pois é deles que depende o futuro de nosso município e de nosso estado.
 
Fonte: Jornalista Gildo Araújo

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